A minha Avó Merceana pensa ter vivido o bastante,
mas a vida mesmo acha que não.
Todas as noites talvez ela tenha desejos suicidas,
grandiosos ou sombrios,
mas é implacável o tempo que a sustem.
Quão lenta é a morte! - Deve ela exasperar-se.
Nós, que a amamos como se ama
a própria carne,
não gostamos de saber
que um dia ela nos deixará.
Mas é implacável o tempo
que celeremente a está levando...
Por João Melo em Auto-Retrato
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